Sabe aquelas viagens de sonho? Pois é, tenho três lugares anotados na agenda: Tailândia, que ainda não fui, Machupicchu, que já conheci e Marrocos, onde estive em abril de 2008.
Sempre quis conhecer Marrakesh. O problema é arrumar companhia para este tipo de viagem. Nem sempre as pessoas querem abrir mão da Europa ou Estados Unidos para arriscar e gastar dinheiro em um destino completamente diferente.
Pois bem, aproveitando que minha sobrinha Marcella estava morando na Espanha, pensei: desta vez Marrocos não me escapa! E foi assim. Saindo da Espanha para Marrocos, de barco pelo estreito de Gibraltar, como sempre sonhei.
Depois de passar por Lisboa e Sintra, voei rumo à Barcelona. Passei oito dias lá, comendo bem e conhecendo lugares incríveis, enquanto esperava o curso da minha sobrinha terminar.
Bom, no dia em que as aulas acabaram, fomos para Algeciras, no sul do país. É de lá que partem os Ferry boats para o continente vizinho. A passagem custa em média 33 euros. Tem algumas um pouco mais caras, mas a média é essa e vale a pena. Os barcos, ou melhor, navios, são enormes e bem confortáveis. Tem desde lanchonete para um simples cafezinho até Free Shop. Ah! E serviço de imigração também. Afinal, estamos saindo do continente europeu para o africano. É tudo muito prático, já descemos do barco com o passaporte carimbado e toda a parte burocrática resolvida a bordo.
De Algeciras para Tanger
Nosso desembarque foi em Tânger, uma cidade marroquina a beira mar. A cidade, juntamente com Ceuta, é a porta de entrada do Marrocos. Ao pisar em seu movimentado porto, o turista está oficialmente na África. Fundada pelos fenícios no século 8, o lugar já passou pelas mãos de romanos, árabes, portugueses, espanhóis e ingleses e já esteve sob domínio internacional.
Não falo árabe, nem francês, a segunda língua oficial do país. Por tanto, ao chegar no Marrocos tratei logo de contratar um guía que falasse inglês ou espanhol. Como são só 14 km que separam os dois continentes, ainda é fácil encontrar gente que fale espanhol por ali. Deu pra gente se virar bem nesta cidade. Chegamos e pegamos um táxi para o hotel que já havíamos reservado pela Internet.
Tânger está exatamente entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Do ponto mais alto da cidade dá pra ver bem. Ou pelo menos imaginar essa fusão das águas!
Perto da gruta de Hércules, um ponto turístico da cidade, uma pausa para a foto no ponto que divide os dois oceanos.
De Tanger para Fes, a cidade mais tradicional do Marrocos
Saímos de Tanger rumo à Fès, a cidade mais tradicional do Marrocos. Para chegar até lá pegamos um ônibus, sem luxo nem conforto. Era a única forma de trocar de cidade sem ter que alugar um carro, o que na minha opinião, seria uma roubada! Dá só uma olhada nas placas.
A viagem é bastante cansativa. Foram quase 7 horas de estradas, passando por planícies de cedros e terras áridas. Em uma das paradas para comer, pedimos kebabs, espetinhos de carne de carneiro.
Por fim, a recompensa pelo cansaço! Estávamos respirando história de mais de 1.000 anos antes de Cristo. Estar em Fes é como voltar no tempo. A sensação que dá, é que a qualquer momento, você vai esbarrar com personagens bíblicos pelas ruelas da Medina.
Ao desembarcar em Fès, já fui logo abordada por um guia. Desta vez, já estava mais difícil encontrar um que falasse outra língua além do francês. Quanto mais nos afastamos da costa, mais o inglês e o espanhol se tornavam coisas raras. Nosso guia até falava bem o castelhano. Enquanto isso, eu bem que tentava me virar no francês.
É lá que são preparados os couros para as bolsas, babouchas e artigos vendidos aos turistas.
PS: só por curiosidade, antes que alguém pergunte. Não, o cheiro não é insuportável!!! É forte…. mas dá pra aguentar.
Outro passeio imperdível na cidade são os ateliês de cerâmica, onde as peças são pintadas e queimadas.
Antes de me despedir da cidade decidi seguir a tradição e fui logo tratando de tatuar minhas mãos. É isso mesmo! Meu guia me levou até a casa de uma jovem que fazia tatuagens de henna nas mãos e pés das mulheres que estavam prestes a se casar.
Ele me contou que em Marrakesh, isso também era feito em qualquer esquina, a um preço bem baixo, para conquistar os turistas. Mas, se eu quisesse fazer uma tatuagem bem tradicional, que durasse uns 20 dias, era melhor fazer em Fés.
Eu segui o conselho.
Deixamos Fès de trem rumo à Marrakesh. A ansiedade era enorme, afinal, esse era o destino mais esperado de nossa viagem. O trajeto, apesar de estarmos na primeira classe, foi muito cansativo. Demoramos mais que o esperado. É que 3 vacas atravessaram os trilhos e foram atropeladas. Foram quase duas horas ali, parados, esperando que os animais fossem retirados de baixo do vagão. Mas numa aventura dessas, tudo vale a pena.
Enfim, estamos em Marrakesh! Este é o Minarete da Koutobia, a mesquita de 800 anos. Eu já havia feito uma reserva em um Riad dentro da Medina. Os riades são casas típicas marroquinas, com pátio e fonte no meio, jardim interno e decoração toda árabe, com lanternas e móveis enormes.
Cada cidade tradicional marroquina tem sua Medina, a cidade antiga. Em Marrakesh, dentro da medina estava algo imperdível:
Este lugar é incrível. Indescritível! É o point de Marrakech. Onde todos se esbarram. Onde tudo acontece.
A Djemaa el Fna está localizada dentro da Medina, bem no centro dela e funciona assim: durante o dia, encantadores de serpentes, guias turísticos, souks, tatuadoras de henna e outros mais ficam por lá, bem no meio da praça. Turistas param dão moedas em troca de fotos de marroquinos vestidos tradicionalmente como Bér beris – os primeiros habitantes do país e que hoje vivem campo. Vendedores de suco de laranja e frutas secas também já ficam com suas barraquinha montadas desde cedo. Em volta de tudo isso, estão as tendas com artesanato local e alguns restaurantes.
São barracas de castanhas e frutas secas e o melhor: o suco de laranja! Eu já tinha lido algo sobre os sucos de lá serem os melhores do mundo.
Pensei que fosse exagero.
Mas que nada! Foi provar o primeiro gole para me render. Nunca provei nada tão, doce, tão saboroso, tão perfumado.
No fim da tarde, lá pelas 17:30, o lugar se transforma. É impressionante a velocidade com que eles montam barraquinhas de comidas típicas. São caramujos, sopas, biscoitos de mel, chás, kebabs, couscus, carneiros e frangos assados. Ah! Tem camarão também!
Em menos de 15 minutos o lugar se transforma , cedendo espaço para centenas de mesas e cadeiras ao ar livre. De noite, fica assim, lotado e enfumaçado.
Essa praça, que hoje é ponto turístico, fica dentro da Medina. A Medina é a cidade antiga, onde viviam os primeiros habitantes do local. Bom, com o tempo e crescimento inevitável, a cidade foi crescedo. Porém, para o lado de fora da Medina. É lá que estão os grande hotéis, grandes centros, shoppings, lojas como MNG e ZARA. Tem Mc Donalds e Pizza Hut. Club de Golf e Hotéis de mais de 1.000 euros a diária e também boates inacreditáveis. Tem até uma praia artificial que “bomba” no verão.
Dentro da Medina não. Lá, tudo é preservado. As casas antigas e tradicionais foram transformadas em riads. Pequenos hotéis que mantém a arquitetura e decoração praticamente intocáveis.
Viajar pelo Marrocos é ter uma aula de arquitetura. Lá eu soube que, segundo o islamismo, nenhum ser vivo pode ser representado nas pinturas, esculturas, etc… por isso, a decoração é abstrata, cheia de mosaicos e arabescos. É tudo muito rico e detalhado.
A qualquer hora e em qualquer lugar
No Marrocos não se vende bebidas alcoólicas, com exceção de alguns hotéis de rede internacional. Por isso nos rendemos aos prazeres do “uísque marroqui”, como é chamado o chá de menta deles. Ele é tomado durante o dia inteiro. No café da manhã, depois do almoço para fazer a digestão. De noite, para esquentar.
Ao redor desta praça estão as tendas com tudo o que um turista possa imaginar. São tapetes, xales, copos, artesanatos, sapatos, especiarias, e tudo mais que dá vontade de comprar. Negociar com eles não é tão difícil assim. O preço sempre começa alto…. mas é só barganhar. Às vezes, dependendo do produto e do vendedor, fica fácil levar o que você quer pela metade do preço. Uma dica é deixar para fazer suas compras logo cedo, depois do café da manhã. É que existe uma tradição que diz que se o vendedor perder a primeira venda do dia, ele terá maus negócios até a hora de fechar a loja. Por isso, seja o primeiro cliente e negocie bem.
Nos encantamos com Marrocos e deixamos o país com gostinho de quero mais. Da próxima vez incluo Rabat, Casablanca, Essaouira e claro, uma noite no deserto do Saara em meu roteiro.
Marrocos é conhecido como “O reino das emoções”. E é mesmo. O país é fascinante e cheio de magia. Certa vez li que é o lugar onde os turistas estão constantemente imersos em ondas de sensações e emoções onde quer que eles pisem; isto faz com que Marrocos seja o destino que mais permanece na memória das pessoas.
Rumo a Marrakech – Dicas de lugares, hotéis, riads e restaurantes.
Confesso que este foi um dos momentos mais esperados da viagem. Afinal, conhecer o Marrocos estava na minha lista de viagens dos sonhos. Se você ainda não foi ao Marrocos…. vá!!!! Junte dinheiro, divida a passagem no cartão, sei lá! O lugar não é caro. Muito pelo contrário. Come-se bem e hospeda-se muito bem por pouco.
A moeda lá é a Dirhams. Cada euro equivale a 10 dirhams. Faço as contas sempre pelas garrafinhas de água ou de Coca cola.
Na Espanha a coca de lata custa 1,80 – no Marrocos 1,20 e em Paris 4,00 euros.
Dicas de onde de hospedar:
Deixo aqui alguns links e contatos de Riads que conheci. Tem hotéis e até mesmo outros riads mais baratos. É só pesquisar.
Riad Taghazoute
Super bem localizado e barato. Ta na média de 50 euros o quarto duplo com café da manhã. O lugar é um pouco mais simples. Porém, com uma das melhores localizações dentro da Medina. Já fiquei hospedada aí e gostei!
http://www.riad-taghazout.com/portal.php
Nossa. Este lindo. Fica dentro da Medina. O dono se chama Diego é chileno casado com uma francesa. Custa aproximadamente 70 euros o casal.
00212 (0) 44380180 ou 212 (0) 66254 654
Riad Khabia, S.a.r.l.Este também fica na média de 100 euros o casal. Numa das caminhadas, passei para conhecer.
Siège Social: Houmate Berrima, Derb Chtoka n°6. 40000 Marrakech – Médina. Royaume du Maroc.
Tél / Fax: +212 (0)24 37 59 89
Hotel Caravan Serai
Meio afastado, mas lindo. Não é tão barato. É daqueles que você fica imaginando voltar um dia de lua-de-mel!!! kkk
http://www.hotel-caravanserai.com/
Este site me ajudou muita nas buscas:
http://www.hostelsweb.com/cities/marrakech.html
Este é em Fès. Excelente em instalações e localização. Uma média de 100
reais para duas pessoas. Também já fiquei nele.
Qualquer lugar que você para pra comer no Marrocos, irá comer bem. Tem 2 em Marrakesh que recomendo sem pestanejar:
O primeiro é o Cafe des Epices – Place Rahba Lakdima, pra uma pausa pra um café ou uma salada de frutas com cravo, canela e cardamomo, hummmmmmmmmmm Só de lembrar dá água na boca.
O outro é do mesmo grupo, mas é um restaurante: La Terrasse des Epices – 15 Souk Charifia Sidi Abdellaziz, abre pra almoço ou pro jantar.
Tem um blog com dicas bem interessantes para quem está organizando uma viagem para o Marrocos: http://marrocos.wordpress.com/
Esse site também é bem interessante: http://viagensmarrocos.com/
Guia da Folh: http://publifolha.folha.com.br/catalogo/livros/136168/
O único problema é que nós turistas, não podemos entrar nas mesquitas. A entrada nelas ou em qualquer outro lugar considerado santo é proibida aos não muçulmanos. Em Fès vi (por frestas) alguns momentos de orações. Homens ajoelhados, entoando cantos e orações. Mas não durou muito não. O guia logo me tirou de lá!!!!
Mas há exceções. Anote aí o nome de algumas que permitem visitações: a mesquita de Hassan II em Casablanca, o Mausoléu de Mohammed V em Rabat, o Mausoléu de Moulay Ismaïl em Meknès e o Mausoléu de Moulay Ali Chérif em Rissani.
Bom, o Marrocos de hoje tem um pouco de tudo. Também pudera: foi colonizado primeiro pelos fenícios, depois por romanos, bizantinos e árabes, que o transformaram num país islâmico. Já foi colônia francesa e espanhola no século XIX, antes de conquistar sua independência em 1956. Acho que foi essa mistura que me fascinou. É um lugar que quero voltar com tempo! Pra vc que ainda vai, anote dicas e compartilhe aqui. Boa Viagem!